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terça-feira, 9 de julho de 2013

Sumiço do processo de sonegação da Globo deu prisão para funcionária. Mas e a corruptora?

A íntegra da sentença pode ser lida na Justiça Federal RJ
(informar o número do processo 0806856-31.2007.4.02.5101 )
Em 12 de junho de 2013, a ex-funcionária da Receita Federal Cristina Maris foi condenada a quase 5 anos de prisão na 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro (*).

Um dos motivos: sumiu com os dois processos na Receita Federal sobre sonegação de imposto de renda na compra de direitos de transmissão da Copa de 2002 pela Rede Globo. O valor total com juros e multa cobrado da Globo atingia R$ 615 milhões.

Segundo a sentença da justiça, a história se deu da seguinte forma:

1) No dia 29.12.06 o processo foi enviado por malote da unidade da Receita DRF/DRJ-I para o CAC/Ipanema, onde o malote foi recebido conforme protocolo, em 02.01.2007.

2) Neste mesmo dia 02.01.2007, primeiro dia útil após a virada de ano, a então funcionária Cristina Maris estava de férias, e teve um comportamento suspeito. Foi ao CAC/Ipanema, onde entrou com uma bolsa à tiracolo, passou duas horas no recinto, e saiu com a bolsa e uma sacola contendo um volume considerável.

3) No mesmo dia 02.01.2007, foram recebidos vários processos da DRF/DRJ-I para vários CAC's e todos foram relacionados na Relação de Malote e devidamente entregues, com exceção do processo da Globo, que desapareceu.

4) Aberta sindicância na Receita Federal, analisando fitas de vídeo de segurança, chegou-se à autora do sumiço: a ex-funcionária Cristina Maris, que foi ao trabalho em plenas férias, justamente no dia em o malote com o processo chegou.

5) O processo criminal também foi aberto por ação do Ministério Público Federal, e Cristina Maris teve prisão preventiva decretada. Depois de um tempo conseguiu a liberdade por um Habeas Corpus no STF.

6) Decorrido o processo veio a condenação. Um trecho da sentença diz:
em relação ao processo fiscal nº 18741.000858/2006/97 e seu apenso nº 18471.001126/2006-14, instaurado em desfavor da GLOBOPAR, restou claro que a ré os ocultou, com o evidente propósito de obstar o desdobramento da ação fiscal que nele se desenvolvia, cujo montante ultrapassava 600 milhões de reais.

Corruptora continua impune

Uma conta não fecha nesse processo. A funcionária foi condenada, mas ela não interrompeu suas férias para surrupiar um processo, do interesse da Rede Globo, por esporte. Dez entre dez casos como este existe a figura da empresa corruptora. Não é preciso fazer nenhum esforço para deduzir quem é a suspeita número um.

Justiça seja feita, o Procurador da República que moveu a ação pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal da funcionária, o que esperava-se levar a rastrear supostas propinas para produzir provas para punir os corruptores. Mas o Juiz indeferiu, considerando os pedidos genéricos e impertinentes. Ora, só é impertinente para corruptores.

(*) Ela ainda pode recorrer em liberdade.

Eis a íntegra da sentença:

sexta-feira, 21 de junho de 2013

INVEJA MATA.

NÃO SEI QUEM FEZ ESTE TEXTO...MAS MEUS PARABÉNS...MAGNÍFICO!

"Vamos detonar a DILMA, pois o PT propiciou as condições para geração de 18 milhões de empregos e isso não pode!!!

Vamos detonar a DILMA, pois o PT reduziu os impostos e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois o PT é vergonha internacional e somente 60 países vem buscar com o PT, no Brasil, subsídios para administrar seus países...

Vamos detonar a DILMA, pois este PT, decidiu criar os direitos para empregadas (os) domésticos (as), e isso é um sacrilégio.

Vamos detonar DILMA, pois o PT, tirou mais de 40 milhões de pessoas da pobreza e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois o PT trouxe 6000 médicos cubanos, para atender onde os Mauricinhos e Patricinhas se negam a trabalhar.

Vamos detonar a DILMA, pois com o PT no governo mais de 1,5 milhões de trabalhadores, viraram doutor com o PROUNI e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela o LULA e o PT, criaram mais de dois milhões de casas para os pobres e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela, baixou os juros (na era FHC, 1999 era de 44%, hoje de 8%) e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela, o LULA e o PT, baixaram os preços da energia elétrica, e, isso não pode...

Vamos detonar com a DILMA, pois ela o LULA e o PT, estão realizando a copa do mundo no BRASIL, e isso comparando o investimento e o retorno terá um retorno de mais de 600%, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois, ela o LULA e o PT, reduziram a inflação e reajustaram em mais do que o dobro o salário mínimo, dobrando o poder aquisitivo, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois eles estão quase finalizando a duplicação da BR 101 sul, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes criaram meia centena de universidades federais. E mais de 250 extensões universitárias, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela, o LULA e o PT, facilitaram o acesso dos pobres à internet. E isso não pode, já viram dar direito a pobre de reclamar alguma coisa ou opinar?? Isso é inadmissível...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes criaram o bolsa desconto do IPI, na compra de veículos, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes falam com os pobres. E isso é coisa do demônio, quando é que pobre teve direito de conversar com Presidente Da República...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes, fizeram com que brasileiros, pobre viajassem de avião por todos os estados do BRASIL e até para o exterior e isso antes era só coisa de ricos...

É o que penso!

A postagem do Gadelha, logo abaixo, representa fielmente o meu pensamento sobre o que vem ocorrendo em nosso país. Sobre os correções anuais das passagens de ônibus em todas as prefeituras brasileiras é fato histórico e contratual, mas este ano o governo federal fez de tudo para evitá-los, tanto é verdade que a Dilma retirou os impostos federais dos trasportes públicos, PIS e COFINS; muitos prefeitos viram nestas reduções federais a oportunidade de redução dos subsídios que eles dão ao transporte público de seu município e fizeram os reajustes normalmente. 

Outra coisa muito importante, não se leva uma multidão às ruas sem comando, sem lideranças claras, definidas e respeitadas. Um movimento legal, legítimo e necessário foi abocanhado pela direita sem-voto que viu aí uma grande oportunidade de desgastar o governo e quem sabe, dar o golpe. 
  
Uma pauta justa e já contemplada, reduções nas passagens, já foi atingida. Só que os navegadores em águas turvas querem manter o movimento para outros objetivos e à frente está quem nunca esteve ao lado dos trabalhadores, dos sindicatos, dos movimentos sociais, das diretas já: A GLOBO,  a central do golpe!

A oposição ao governo federal e a mídia, estão absolutamente incomodados com o sucesso do brasil e com este clima de otimismo eles sabem que caminhariam para outro retumbante fracasso nas urnas em 2014; então era necessário amedrontar a sociedade com o pavor da inflação, do apagão, chegaram a dizer que o brasil não conseguiriam realizar a copa do mundo de futebol, apostaram nesta possibilidade de fracasso, só que o país está pronto com seus estádios que a revista VEJA diz que só ficariam prontos em 2030. 

Se estão prontos, então não pode realizarem os jogos, se realizarem que sejam um fracasso; só que a nossa seleção está indo bem, mas fazem de tudo para convencerem o público a não irem aos estádios, se irem só cantem o HINO NACIONAL de costas para o campo. Nada disto aconteceu, os estádios etão lotados e o público entusiasmados cantado o nosso HINO a todos os pulmões. 

Se não queriam a copa, que protestassem no momento certo e não agora que já despreendemos todos os recursos para esta finalidade. Agora é tarde! Mas o que realmente dói é vermos pobres espalhado spans de interesse dos ricos e poderosos e disseminando mentiras espalhadas pelas redes sociais. 

Outra coisa que gostaria de dar minha opinião é sobre a PEC 37 e Pedindo vênia aos contrários. Sou a favor da PEC 37, por quê? nenhuma categoria deve ter primazia sobre o processo. A polícia investiga, o ministério público   apresenta a denúncia e acusa e o Juiz julga. É simples. Agora o MP querer monopolizar todas as fases do processo é perigoso e mais, logo-logo estarão querendo julgar também. Será a ditadura dos promotores e procuradores.   

terça-feira, 26 de março de 2013

Que cassetada, FHC!



Senhor Presidente,

Antes de mais nada, quero tornar a parabenizá-lo pela sua vitória estrondosa nas urnas. Eu não gostei do resultado, como, aliás, não gosto do senhor, embora afirme isto com respeito. Explicito este meu respeito em dois motivos, por ordem de importância. O primeiro deles é que, como qualquer semelhante nosso, inclusive os milhões de miseráveis que o senhor volta a presidir, o senhor merece intrinsecamente o meu respeito. O segundo motivo é que o senhor incorpora uma instituição basilar de nosso sistema político, que é a Presidência da República, e eu devo respeito a essa instituição e jamais a insultaria, fosse o senhor ou qualquer outro seu ocupante legítimo. Talvez o senhor nem leia o que agora escrevo e, certamente, estará se lixando para um besta de um assim chamado intelectual, mero autor de uns pares de livros e de uns milhares de crônicas que jamais lhe causarão mossa. Mas eu quero dar meu recadinho.

Respeito também o senhor porque sei que meu respeito, ainda que talvez seja relutante privadamente, me é retribuído e não o faria abdicar de alguns compromissos com que, justiça seja feita, o senhor há mantido em sua vida pública – o mais importante dos quais é com a liberdade de expressão e opinião. O senhor, contudo, em quem antes votei, me traiu, assim como traiu muitos outros como eu. Ainda que obscuramente, sou do mesmo ramo profissional que o senhor, pois ensinei ciência política em universidades da Bahia e sei que o senhor é um sociólogo medíocre, cujo livro O Modelo Político Brasileiro me pareceu um amontoado de obviedades que não fizeram, nem fazem, falta ao nosso pensamento sociológico. Mas, como dizia antigo personagem de Jô Soares, eu acreditei.

O senhor entrou para a História não só como nosso presidente, como o primeiro a ser reeleito. Parabéns, outra vez, mas o senhor nos traiu. O senhor era admirado por gente como eu, em função de uma postura ética e política que o levou ao exílio e ao sofrimento em nome de causas em que acreditávamos, ou pelo menos nós pensávamos que o senhor acreditava, da mesma forma que hoje acha mais conveniente professar crença em Deus do que negá-la, como antes. Em determinados momentos de seu governo, o senhor chegou a fazer críticas, às vezes acirradas, a seu próprio governo, como se não fosse o senhor seu mandatário principal. O senhor, que já passou pelo ridículo de sentar-se na cadeira do prefeito de São Paulo, na convicção de que já estava eleito, hoje pensa que é um político competente e, possivelmente, t em Maquiavel na cabeceira da cama. O senhor não é uma coisa nem outra, o buraco é bem mais embaixo. Político competente é Antônio Carlos Magalhães, que manda no Brasil e, como já disse aqui, se ele fosse candidato, votaria nele e lhe continuaria a fazer oposição, mas pelo menos ele seria um presidente bem mais macho que o senhor.

Não gosto do senhor, mas não tenho ódio, é apenas uma divergência histórico-glandular. O senhor assumiu o governo em cima de um plano financeiro que o senhor sabe que não é seu, até porque lhe falta competência até para entendê-lo em sua inteireza e hoje, levado em grande parte por esse plano, nos governa novamente. Como já disse na semana passada, não lhe quero mal, desejo até grande sucesso para o senhor em sua próxima gestão, não, claro, por sua causa, mas por causa do povo brasileiro, pelo qual tenho tanto amor que agora mesmo, enquanto escrevo, estou chorando.

Eu ouso lembrar ao senhor, que tanto brilha, ao falar francês ou espanhol (inglês eu falo melhor, pode crer) em suas idas e vindas pelo mundo, à nossa custa, que o senhor é o presidente de um povo miserável, com umas das mais iníquas distribuições de renda do planeta. Ouso lembrar que um dos feitos mais memoráveis de seu governo, que ora se passa para que outro se inicie, foi o socorro, igualmente a nossa custa, a bancos ladrões, cujos responsáveis permanecem e permanecerão impunes. Ouso dizer que o senhor não fez nada que o engrandeça junto aos corações de muitos compatriotas, como eu. Ouso recordar que o senhor, numa demonstração inacreditável de insensibilidade, aconselhou a todos os brasileiros que fizessem check-ups médicos regulares. Ouso rememorar o senhor chamando os aposentados brasileiros de vagabundos. Claro, o senhor foi consagrado nas urnas pelo povo e não serei eu que terei a arrogância de dizer que estou certo e o povo está errado. Como já pedi na semana passada, Deus o assista, presidente. Paradoxal como pareça, eu torço pelo senhor, porque torço pelo povo de famintos, esfarrapados, humilhados, injustiçados e desgraçados, com o qual o senhor, em seu palácio, não convive, mas eu, que inclusive sou nordestino, conheço muito bem. E ouso recear que, depois de novamente empossado, o senhor minta outra vez e traga tantas ou mais desditas à classe média do que seu antecessor que hoje vive em Miami.

Já trocamos duas ou três palavras, quando nos vimos em solenidades da Academia Brasileira de Letras. Se o senhor, ao por acaso estar lá outra vez, dignar-se a me estender a mão, eu a apertarei diferentemente, pois não desacato o presidente de meu país. Mas não é necessário que o senhor passe por esse constrangimento, pois, do mesmo jeito que o senhor pode fingir que não me vê, a mesma coisa posso eu fazer. E, falando na Academia, me ocorre agora que o senhor venha a querer coroar sua carreira de glórias entrando para ela. Sou um pouco mais mocinho do que o senhor e não tenho nenhum poder, a não ser afetivo, sobre meus queridos confrades. Mas, se na ocasião eu tiver algum outro poder, o senhor só entra lá na minha vaga, com direito a meu lugar no mausoléu dos imortais.


Presidente – João Ubaldo Ribeiro
25 de outubro de 1998

(*) Até agora, Ataulfo de Paiva era o mais medíocre dos imortais da história da Academia Brasileira de Letras. Tão medíocre, que, ao assumir, o sucessor, José Lins do Rego, rompeu a tradição e, em lugar de exaltar as virtudes do morto, espinafrou sua notória mediocridade.

domingo, 17 de março de 2013

O PIG quer nos empurrar para o outro lado.


Vox Populi :: Marcos Coimbra (Carta Capital)
Especulações

As eleições de 2014 ainda estão, para a vasta maioria da população, a uma distância colossal. Nas pesquisas, só depois de algum esforço, os cidadãos se recordam de que elas ocorrem daqui a um ano e meio.
Enquanto isso, nos meios políticos e na "grande imprensa", é como se fossem acontecer amanhã.
Será nossa terceira eleição nacional em que o presidente em exercício é candidato. Antes de Dilma Rousseff, Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e Lula, em 2006, passaram pela experiência. Ambos tiveram sucesso, de maneiras diferentes.
A" que temos no horizonte se assemelha àquela do tucano. Nada indica que Dilma terá de lidar com turbulências tão fortes quanto as que atingiram Lula, seu governo e o PT em " 2005 e 2006. Nem o mais exaltado oposicionista imagina que ela venha a enfrentar situação análoga à que seu antecessor viveu nos meses de auge das denúncias do "mensalão".
Dilma deve disputar seu novo mandato em um momento mais marcado pela normalidade do que pela excepcionalidade: sem crises agudas na economia, na política ou no cotidiano da sociedade. Em 1998, FHC enfrentou uma crise econômica séria, mas não suficientemente séria para impedir sua vitória relativamente tranqüila.
Apesar dessa semelhança, é grande o contraste entre o ambiente de opinião que vivíamos em 1997 e o de agora.
A partir de junho daquele ano, quando promulgada a emenda que permitiu a FHC concorrer a um novo mandato, entramos em período de calmaria. O escândalo da compra de votos para aprovar a mudança constitucional havia amainado, a tropa de choque governista impedira a instalação de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito e a Procuradoria--Geral da União, dirigida por alguém escalado para tudo engavetar, mantinha-se inerte. Os ministros da Suprema Corte preferiam se entreter com outras coisas.
Nesse clima de tranqüilidade, ninguém se pôs a especular a respeito de nomes e cenários. Dir-se-ia que, uma vez estabelecido que FHC seria candidato, independentemente dos meios utilizados, os comentaristas e analistas ficaram satisfeitos com a perspectiva de que ele viesse a vencer as eleições seguintes. E como se achassem que não era somente natural, mas desejável que o peessedebista permanecesse no Planalto por mais quatro anos.
Um claro sintoma da pasmaceira é que nem sequer se fizeram pesquisas sobre a eleição até o fim de 1997 (ao menos não foram divulgadas). Apenas uma foi publicada, em novembro. Ninguém se mostrava ansioso a respeito de quem tinha condições de ganhá-la.
O jogo havia sido jogado e o PSDB parecia imbatível.
A vantagem de FHC sobre seus oponentes era, no entanto, muito menor do que a de Dilma hoje. Naquela pesquisa de novembro de 1997, realizada pelo Ibope, o tucano obtinha 41%, seguido por Lula, com 16%, e Sarney, com 9%.
Sua liderança permaneceu modesta nos primeiros meses de 1998: em março, segundo o Data folha, repetiu os 41% (com Lula alcançando 25% e sem Sarney). Caiu a pouco mais de 30% entre abril e junho, e voltou aos 40% daí em diante. Na véspera da eleição, atingiu o pico, com 49%.
Nas muitas pesquisas sobre a próxima eleição feitas ao longo de 2012, Dilma nunca obteve menos que 55% e muitas vezes chegou aos 60%. Mesmo quando se colocaram na lista nomes para fazer barulho, entre eles o de Joaquim Barbosa.
Quem achou, em 1997, que FHC ganharia com seus 40% não errou. Um presidente bem avaliado, em um momento em que o País vai bem (ou parece andar bem), tem tudo para vencer.
De onde, então, tiram os analistas da "grande imprensa" seu ceticismo em relação às chances de reeleição de Dilma? De onde vem seu afã em identificar os "formidáveis adversários" que poderiam derrotá-la?
No momento estão enamorados do governador pernambucano, Eduardo Campos. Devem acreditar que as possibilidades de alguém do bloco governista são maiores que aquelas de oposicionistas genuínos.
Não é isso, todavia, que desejam os vários "amigos" que Campos tem hoje na mídia de direita e nos partidos de oposição. O que querem é que seja um coadjuvante, que tome da presidenta votos à esquerda e no Nordeste, e faça algo para ajudar o candidato do PSDB a suplantá-la.
É verdade que o dinamismo do socialista atrai os que se sentem desconfortáveis com o estado atual da candidatura tucana.
Aécio Neves passa por um momento delicado, espremido entre as traições dos serristas e o patético esforço da velha guarda de seu partido em abduzi-lo e mantê-lo sob controle, encarregando-o da inglória missão de defender a "herança de Fernando Henrique".
Como o lançamento da Rede de Marina Silva deu em nada, resta aos antilulopetistas no momento a ilusão Campos. Falta combinar com ele se pretende ser o porta-voz da direita e se o eleitorado conservador o reconhecerá e se sentirá confortável com ele.
Mas tudo é secundário. Como em 1997, quando a eleição de 1998 parecia definida - e estava mesmo a eleição de 2014 tem cara de resolvida. Por mais que alguns se aborreçam.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O que estará em jogo em 2014.


CARAVANAS: HÁ UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO

Adicionar legenda


O UPT rerrepublica o Conversa Afiada e o artigo de Saul Leblon, na Carta Maior:


Antes que o PT esboçasse o roteiro das caravanas que Lula planeja realizar este ano o dispositivo midiático iniciou a sua.

Reportagens publicadas nos últimos dias pelo ‘Estadão’ e ‘O Globo’ revisitaram marcos do governo petista.

Alguns títulos pinçados desse primeiro arranque :

‘Dez anos depois, população pobre do Brasil permanece refém de programas de renda’;

‘Berço’ do Fome Zero não muda com programas sociais’;

‘Em Guaribas, 87% da população vive do Bolsa Família’;

‘PT tira milhões da pobreza, mas abandona responsabilidade fiscal’


Vai por aí a coisa.

As referências de partida às cidades pobres de Guaribas (PI) e Itinga (MG), recheiam o propósito de alvejar por antecipação os símbolos previsíveis de um roteiro petista.

Ambas estão associadas ao Fome Zero, o primeiro programa lançado por Lula no primeiro ato, do primeiro dia, do seu primeiro governo, em 3 de janeiro de 2003.

Emerge dos textos a ordem unida que deve afinar a desconstrução desse ciclo incômodo.

Na superfície, benevolência: milhões deixaram a pobreza, mas…

Na costura, a lógica desidrata a dinâmica social negando a emergência de qualquer sujeito histórico capaz de afrontar o veredito do fracasso irremediável.

‘O modelo é insustentável’ , arremata em pedra e cal o sociólogo tucano Bolívar Lamounier, na última linha do texto do O Globo.

Foi nisso que deu a luta contra a miséria.

Para todos os efeitos, o Brasil é reduzido a uma fila de seres vegetativos alimentados pela sonda infatigável do populismo.

O fato de a demanda colecionar 16 trimestres seguidos de expansão, num momento em que o planeta estrebucha em anemia, é um acidente de percurso.

A caravana conservadora tira isso de letra. Literalmente

É só ouvir ‘especialistas ‘ especializados em alvejar o PT.

No atacado ou no varejo? O cliente é quem manda.

A varredura atinge por extensão o 13 de fevereiro próximo, quando o partido comemora 33 anos de fundação, ademais de acumular munição para 2014 e cumprir a missão imediata: colocar uma pedra no meio do caminho da mobilização de resistência acenada pelos dirigentes .

Não qualquer pedra.

Mas aquela capaz de suscitar a dúvida: de que adianta Lula afrontar a pauta da criminalização e da desqualificação se a narrativa da nova caravana da cidadania caberá ao monopólio midiático?

Nos anos 90, as redações foram pegas de surpresa pela iniciativa original. Num primeiro momento, cederam à repercussão diante do efeito contagiante por onde comitiva petista passava.

Organizadas entre 1993 e 1996, as Caravanas da Cidadania percorreriam mais de 40 mil quilômetros. Ao todo, foram seis expedições que vasculharam os quatro cantos do território nacional.

A primeira, de 24 dias, partiu de Garanhuns, interior pernambucano; finalizou em Vicente de Carvalho (SP).

Reeditou o percurso de um pau de arara que em 1951 levaria Lula, a mãe e irmãos até São Paulo e daí para o litoral, fugindo da seca, da fome e da pobreza.

A imagem de um novo ‘cavaleiro da esperança’ a escancarar a realidade do país como o seu melhor argumento, rapidamente acendeu o farol vermelho nas redações.

A tolerância inicial cedeu lugar então às cobranças. Duras. Repórteres escalados para cobrir as viagens eram intimados a entregar a encomenda.
Às favas com fatos, pessoas e paisagens.

O jornalista Ricardo Kotscho acompanhou de perto aquela aventura como assessor de imprensa de Lula.

Em depoimento à Fundação Perseu Abramo, em 2006, revela detalhes da operação desmonte acionada pelas chefias de redação para sufocar o comício ambulante do líder metalúrgico.

Telefonemas irados chegavam do Rio e de São Paulo cobrando recheio para manchetes prontas.

Lembra Kotscho:

“Vocês têm que dar pau, é demagogia, é populismo do Lula, não sei o quê”-, o mais jovem repórter que estava lá foi cobrado também. Aí ele falou no telefone na frente de todo mundo, porque só tinha um telefone na portaria do hotel, era uma promiscuidade telefônica, todo mundo sabia de tudo. Ele disse para o chefe dele o seguinte: “Olha, eu vou continuar mandando as matérias com aquilo que eu vejo, eu não vou mentir, eu não vou entrar nessa, se vocês quiserem, vocês me demitam (…)” O Mário Rosa (da Veja) me disse, com todas as letras: “Eu escrevo para 3 mil leitores da Veja”. “Como 3 mil? São 700 mil”, eu perguntei. “O resto não interessa”, ele falou. “Escrevo para o top, o top da elite. Vim aqui fazer uma análise psicológica do Lula.” Depois que saiu a matéria sobre a caravana na Veja, o Lula ligou para o Roberto Civita, apontou as mentiras que a revista tinha publicado e pediu informalmente um espaço para resposta. O Civita negou, dizendo que isso não era um hábito da publicação…”

Dezesseis anos e três governos petistas depois, chega a ser desconcertante que o gargalo da comunicação permaneça intacto –no partido e no país (leia a análise irretocável de Venício Lima nesta pág. ; leia também o texto do blog dp Emir sobre o mesmo assunto).

A caravana preventiva do dispositivo conservador mostra o quanto a batalha da comunicação continua atual, decisiva e mal resolvida pelo PT.

Não por acaso, os adversários creditam à mídia a tarefa de desqualificar a maior conquista progressista deste ciclo, sem o quê tudo o mais fica um tanto difícil: a redução superlativa da fome, da miséria e da pobreza.

É um osso duro de roer.

Os avanços acumulados desde 2003 são inegáveis. Em certa medida, épicos.

A desigualdade brasileira ainda grita alto em qualquer competição mundial.
Mas, exceto no caso da China, foi a que registrou o maior queda em plena crise do capitalismo, quando dois terços das nações viram crescer a distancia entre ricos e pobres.

No Brasil deu-se o inverso.

A linha da exclusão que antes figurava como o eletrocardiograma de um morto passou a se mexer.

Inquieta, alterou o metabolismo de toda a nação.

Chega a ser paradoxal. A narrativa conservadora desconsidera a dinâmica vigorosa embutida nesse degelo social.

Mas incendeia as manchetes com o esgotamento (real) da infra-estrutura, a saturação dos aeroportos, a pressão da demanda sobre a oferta elétrica.

Ou isso, ou aquilo. Ou se reconhece os novos aceleradores do desenvolvimento ou o alarde dos gargalos é descabido.

Ambos são reais.

A década do PT tirou da miséria e propiciou a ascensão na pirâmide de renda a uma população equivalente a da Argentina.

Dados do IPEA ignorados pelo jornalismo conservador fornecem detalhes preciosos de um país em mutação inconclusa, mas dificilmente reversível a frio.É em torno do passo seguinte desse processo que se trava a guerra politica atual.

Fatos:

a) de 2003 a 2011, a economia brasileira cresceu a uma taxa acumulada de 40,7%; o PIB per capita aumentou 27,7%; mas a renda nos domicílios cresceu mais de 40%. A diferença evidencia o peso das transferências sociais -Bolsa Família, aposentadorias e benefício de prestação continuada, como a aposentadoria rural;

b) a renda per capita dos 10% mais pobres avançou 91,2% em termos reais nesse período –e 16,6% entre os 10% mais ricos;

c) a dos 10% mais pobres cresceu 550% mais rápido que a dos 10% mais ricos.

d) os 20% mais ricos tiveram um aumento de renda inferior ao de seus pares dos BRICS.

e) mas o crescimento da renda dos 20% mais pobres superou o dos BRICs, exceto China.

f) a renda do Nordeste cresceu 72,8% entre 2003 e 2011 — variou 45,8% no Sudeste.

g ) similarmente, cresceu mais nas áreas rurais pobres, 85,5%, contra 40,5% nas metrópoles e 57,5% nas demais cidades.

g) a dos pretos e pardos teve um salto de 66,3% e 85,5%, respectivamente — ficou em 47,6% no caso dos brancos.

h) a renda das crianças de 0 a 4 anos avançou mais de 60%.

i) sem as políticas redistributivas do Estado, a desigualdade teria caído 36% menos que os 57% efetivamente registrados.

j) a renda média precisaria ter aumentado quase 89%, em vez dos 32%, para que a pobreza tivesse a mesma evolução, sem a intervenção direta do Estado.


Ao contrário do que assevera o balanço da mídia isenta, portanto, o modelo não é insustentável.

Ele é avassalador por conta das massas de forças que despertou, sacudiu, agregou e conflitou.

Seu principal impulso, ao contrário do que pontifica a tese do assistencialismo insustentável, decorre predominantemente da renda do trabalho.

Ela representa mais de três quartos da renda total que lubrifica a economia — e é preciso impedir que o seu efeito multiplicador vaze para fora, nutrindo-se de importações que geram empregos e investimentos de qualidade lá e não aqui.

A constatação não altera a essência política do jogo em andamento: o Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico dos últimos anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população. Isso, graças às políticas públicas deliberadamente voltadas ao mais pobres, entre elas a decisão de elevar o poder de compra do salário mímimo em 60% em termos reais.

Não é propaganda eleitoral do PT.

É o que afirma um levantamento feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), que comparou indicadores econômicos e sociais de 150 países, nos últimos cinco anos.

Sua conclusão :

“Se o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu a um ritmo médio anual de 5,1% entre 2006 e 2011, os ganhos sociais obtidos no período são equivalentes aos de um país que tivesse registrado expansão anual de 13%. O desempenho brasileiro deve ser creditado principalmente à distribuição de renda. O Brasil diminuiu consideravelmente as diferenças de rendimento entre ricos e pobres na década passada, o que permitiu reduzir a pobreza extrema pela metade.”

Não é algo que se despreze,como teimam as manchetes conservadoras. Mas há uma pedra no meio do caminho.

Ela infantiliza o debate dos desafios reais –que não são pequenos– inscritos nas escolhas que devem orientar o passo seguinte da história do desenvolvimento brasileiro.

Emergências e alarmes soam para avisar que um tempo se esgotou; outro range, ruge e pede para nascer.

A inexistência de uma estrutura de comunicação progressista, capaz de substituir o monólogo conservador por uma discussão plural das escolhas intrínsecas a esse parto, ameaça abortar o novo.

Se algo se tornou insustentável foi isso.

Fortuitamente, o PT está prestes a renovar um cargo cujo ocupante pode –deve– ter uma participação significativa na tarefa de afastar essa pedra do caminho.

Ao novo secretário de comunicação do PT caberá em alguma medida a tarefa de criar condições que pavimentem vias e abram clareiras por onde devem circular a caravana de Lula e os projetos que ela catalisa.

Um dos nomes cogitados para essa tarefa é o do deputado Emiliano José (PT-BA).

Doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor aposentado da Faculdade de Comunicação, onde lecionou por 25 anos, Emiliano é jornalista de carreira e escritor com nove livros publicados.

Paulista de nascimento, mas baiano de coração,lutou contra a ditadura militar em São Paulo, como vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes (UBES). Perseguido, viveu clandestino na Bahia até ser preso, torturado e condenado a quatro anos de prisão.

Sua a carreira jornalística começou na Tribuna da Bahia; depois, passou pelo Jornal da Bahia, O Estado de S. Paulo, O Globo e pelas revistas Afinal e Visão. Escreveu para os alternativos Opinião, Movimento e Em Tempo. Tem peso e medida para sacudir a omissão histórica do PT numa questão que ameaça agora devorá-lo.