Discurso preocupante.

Há muito tempo venho acompanhando e participando da política de Unaí e uma das minhas maiores curiosidades ao longo destes anos era conhecer as propostas e idéias do Vereador Zé da Estrada. Nos palanques não consegui vê-lo e nem ouvi-lo; nos panfletos, só fotos. O Vereador Zé da Estrada nunca fez uma campanha de conteúdo, de propostas e de debates com as comunidades. Sempre teve como tática eleitoral o contato individual com seus eleitores, como nunca fui abordado por ele, então não sei qual seu charme, seu encanto para se tornar um fenômeno eleitoral em Unaí. Devo reconhecer que ninguém se mantém em primeiro lugar em todas as eleições em que participa se não tem algo valioso como proposta política que encanta, motiva e fideliza o eleitor.

Ao passear pelo unainet fiquei feliz ao ler algo relevante dito pelo Vereador Zé da Estrada, onde ele aborda a questão dos muitos pedintes nas praças públicas de Unaí. Na minha modesta opinião o problema da mendicância tem várias variáveis; a social é a determinante e as relacionadas no texto são apenas derivativas. Mas o que me motivou a escrever sobre, foi a proposta que o Vereador deixou escapar como solução: ”Para o vereador Adriano Adjuto/Zé da Estrada, a solução seria fazer uma triagem com os indesejáveis visitantes (a maioria deles são naturais de outros municípios), saber o motivo que os trouxe a cidade e encaminha-los de volta ao seu local de origem.”

Se for fazer uma triagem e levantar os motivos destes “indesejáveis” estarem em Unaí, certamente as autoridades Unaienses estão propondo solucionar tais motivos. Se vão deportá-los de pronto, então não precisa fazer triagens e levantar motivos. Meu amigo Zé da Estrada, esta é uma proposta simplista, perigosa e xenófoba. Simplista porque a deportação não resolve o problema destas pessoas, Unaí as levam e depois elas voltam; perigosa porque se os municípios visinhos colocarem em prática a política da reciprocidade Unaí será retaliado. Guardado as devidas proporções, nós unaienses vivemos pedindo ajuda aos outros municípios na área educacional, da saúde, do emprego, da moradia e das oportunidades. Xenófoba porque não podemos discriminar nenhum irmão de outro município, de outro estado, de outro país. Quantos de nós unaienses procuramos e abarrotamos os hospitais do DF, outros vão para Goiânia, conheço outros que foram fazer cirurgia em Catalão, Patos e BH. Quantos saíram de Unaí para ganhar um lote em São Sebastião, e outros não tiveram sorte e estão mendigando nas ruas do DF, RJ, BH e outras cidades. Ou será que não existe nenhum dos nossos em situação análoga?

Como você pede sugestão para formar melhor juízo e balizar seus posicionamentos futuros, a minha opinião é de que se deve encaixá-los nos “vários” programas sociais do nosso município. Unaí não pode só querer os endinheirados do sul, devemos amparar os menos favorecidos. No capitalismo nem todos têm condições de subir a ribanceira na mesma velocidade. Não se esqueça que muitos são pisoteados ainda na largada. É o caso destes.